Produzido em 1911 por a companhia de filmes independente “The Rex Film Company”, “Xanadu” é uma joia esquecida do cinema primitivo, que convida os espectadores a embarcar numa jornada épica pelas ruínas de um império longínquo. A narrativa, baseada na peça teatral homônima de Pierre Beranger, combina elementos de história e fantasia num conto que explora temas universais como amor, perda, poder e destino.
A trama centra-se em uma antiga civilização grega chamada Xanadu, localizada numa ilha paradisíaca no Mar Egeu. Esta cidade próspera, governada pelo sábio rei Alcebíades (interpretado por Henry Edwards), é conhecida pela sua riqueza, beleza arquitetônica e cultura avançada. A paz de Xanadu é interrompida pela chegada de um enigmático estrangeiro chamado Xerxes, que carrega consigo uma mensagem profética de destruição.
Xerxes (interpretado pelo ator teatral britânico J.M. Barry) alerta o rei Alcebíades sobre a iminente ameaça de um terremoto catastrófico que devastará a cidade. A notícia causa pânico entre os cidadãos, levando alguns a questionar a sabedoria do rei e outros a buscar refúgio nos santuários divinos.
No meio deste caos, surge uma história de amor proibido entre a princesa de Xanadu, Ariadne (interpretada pela atriz Florence Lawrence), e um jovem guerreiro ateniense chamado Theseus (interpretado por George Pearson). O seu amor desafia as normas sociais da época, ameaçando ainda mais a estabilidade já frágil de Xanadu.
Produção e Estilo Cinematográfico:
O filme “Xanadu” é notável pela sua inovação técnica para a época, incorporando elementos que posteriormente se tornariam padrão na indústria cinematográfica:
Técnica | Descrição |
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Edição cruzada: A narrativa alterna entre diferentes locais e personagens, criando uma sensação de ritmo acelerado e suspense. | |
Uso de close-ups: Enfatiza as emoções dos personagens em momentos cruciais da história. | |
Efeitos especiais rudimentares: Incluindo modelos de construções antigas e técnicas de pintura para simular a destruição da cidade, demonstram a criatividade dos realizadores com recursos limitados. |
Apesar da qualidade das imagens ser limitada pela tecnologia da época (filmes em preto e branco e de baixa resolução), a direção de D.W. Griffith revela uma sensibilidade estética notável. A composição das cenas é cuidadosamente planeada, utilizando ângulos inovadores e enquadramentos que destacam a grandiosidade da arquitetura de Xanadu.
A atuação dos actores é convincente e emotiva. Henry Edwards, conhecido pelo seu trabalho em teatro, transmite com maestria a nobreza e o dilema moral do rei Alcebíades. Florence Lawrence, uma das primeiras estrelas de cinema americanas, encanta com a sua beleza natural e interpreta a princesa Ariadne com delicadeza e paixão.
“Xanadu” é mais que apenas um filme antigo; é uma cápsula do tempo que nos transporta para o início da era cinematográfica. Apesar da simplicidade técnica em comparação aos filmes modernos, “Xanadu” apresenta uma narrativa envolvente, personagens memoráveis e temas atemporais que continuam a ressoar com o público atual.
Temas Universais:
Além da trama central sobre a destruição de Xanadu, o filme explora temas universais como:
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Amor: A história de amor proibido entre Ariadne e Theseus destaca a força do sentimento humano em desafiar convenções sociais e superar obstáculos.
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Destino: O personagem de Xerxes representa a ideia do destino pré-determinado, enquanto o rei Alcebíades luta contra essa inevitabilidade.
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Poder: A narrativa questiona as responsabilidades dos líderes face à ameaça de uma catástrofe natural, explorando temas de coragem, sacrifício e liderança em tempos de crise.
Conclusão:
“Xanadu”, apesar de ser um filme pouco conhecido hoje em dia, representa um marco importante na história do cinema primitivo. A sua narrativa épica, personagens bem construídos e temas atemporais continuam a nos fascinar mais de um século após a sua produção.
Recomendo “Xanadu” a todos os amantes de cinema que desejam explorar as origens da sétima arte e se deliciar com uma história emocionante e inesquecível.